Anarquismo pessoal e o respeito às regras…
Há muito tempo já que me descobri anarquista/pacifista; ou seja, uma participante da ideologia da liberdade pessoal, do humano acima de tudo, do repúdio à agressão, do internacionalismo, do amor e do desamor livres e, por consequência, da aceitação só de um mínimo de regras indispensáveis ao convívio fraterno entre pessoas.
Sei bem que não se pode viver em conjunto sem esse mínimo: respeito à vida do semelhante (e até do diferente – aí incluídos animais ) , respeito à propriedade alheia , sem idolatria à propriedade em si, respeito ao amor e, finalmente, respeito formalizado pelos próprios seres humanos em regras comezinhas de bem-viver – o sinal fechado, o lugar na fila, o lixo no cesto.
Vivo em uma cidade grande, muito grande até; tenho para meu uso um automóvel e sigo as leis de trânsito; sem elas seria difícil transitar em São Paulo, virar uma esquina, atravessar a rua.
Existem , no entanto, nesse conjunto de normas estabelecidas para se transitar na cidade, algumas que não me convencem: a principal delas, entre as mais não-convincentes é a que nos obriga ao uso de cinto-de-segurança .
O uso do cinto me protege, a mim . Ele evita , teoricamente, que eu seja lançada contra o para-brisas em caso de colisão, e seja ferida ou morta. Seja eu ferida ou morta, ou salva pelo cinto, isso não irá interferir , creio eu, na sorte de ninguém mais. Claro, um ferimento ou morte em trânsito desencadeia um procedimento de socorro, com polícia, ambulâncias, pessoal. Tempo, dinheiro, congestionamento. É isso? Se eu não cuidar de mim mesma estarei desencadeando um processo que custa dinheiro ao Estado ?
Então é isso? E em vista disso, devo eu ser multada , ou seja, pagar em dinheiro meu, fruto do meu trabalho para que o Estado não gaste o seu dinheiro (que, aliás, acaba por ser meu também ?).
Fui multada, nos últimos dias, por duas vezes, por ter esquecido de usar o cinto. Errei? Segundo as regras vigentes, sim. Segundo o meu próprio raciocínio , esta é uma das leis inócuas, feitas para recolher mais dinheiro aos chamados cofres públicos.
Será que eu tenho razão?
Me ajudem, sim? Digam alguma coisa a esta anarquista e rebelde.
Espero.